Ciúme doentio
Quando o ciúme se torna doentio?
O ciúme normal
O ciúme normal surge quando existe uma ameaça real, por exemplo, ao se perceber que outra pessoa (rival) está tentando chamar a atenção do seu parceiro, ou que despertou o interesse deste. O ciúme normal trás para os que o sentem sensações como insegurança, raiva, tristeza, mas nada que seja insuportável. Uma dose pequena dessa emoção pode até mesmo ser benéfica para a relação, faz com que o parceiro se sinta querido e por vezes tira dele manifestações de carinho, afinal quem ama tenta sempre tranquilizar o ciumento fazendo declarações de fidelidade.
É claro que mesmo o ciúme normal quando passa a ser frequente, por exemplo, em situações em que um dos pares está o tempo todo sendo sedutor com outras pessoas, começa a desgastar a relação.
Ciúme patológico
Na Síndrome de Otelo as situações podem ser supervalorizadas ou exageradas, qualquer detalhe corriqueiro se transforma em prova de que o parceiro está sendo infiel. Assoviar uma canção demonstra que ele está pensando na outra; chegar dez minutos atrasado é sinal que houve um encontro com o amante (esses dois são exemplos reais).
Está presente também a necessidade de monitorar constantemente o parceiro, analisar seus comportamentos, examinar as amizades, verificar aparelhos celulares e redes sociais, além de realizar questionários sobre tudo o que o outro faz.
Mesmo quando se consegue provar para o ciumento patológico que as “evidências” que ele encontrou não significam nada e que suas suspeitas não tem fundamento, ele não se convence da fidelidade do cônjuge (ou namorado). Na verdade ele tem a certeza da traição, só precisa provar para os outros.
No ciúme patológico os sentimentos de tristeza e ansiedade estão quase sempre presentes, bem como a sensação de abandono e desamparo, não apenas por parte do suposto parceiro (a) infiel, mas também pelos amigos e familiares que não acreditam nele (a).
Transferindo o desejo de trair
Uma das explicações para o ciúme doentio é que na verdade o ciumento possui o desejo de ser infiel, entretanto por não suportar ou não aceitar que possua tal desejo, ele o atribui ao parceiro, esse fenômeno é chamado de transferência pelos psicanalistas. Não é raro que essa transferência ocorra por existir um desejo homoafetivo, sim por vezes um homem se interessa pela sua vizinha, porém essa ideia lhe é insuportável então ele passa a atribuir esse desejo a sua esposa, companheira etc.
Ciúme e delírios paranoicos
Na Síndrome de Otelo, o ciumento por vezes considera que o parceiro tem um poder de atração e sedução muito longe do real. Para uma senhora que possui tal síndrome seu marido idoso, obeso e sem recursos financeiros (vamos ser realistas!) é capaz de atrair mulheres jovens e bonitas como o mel atrai abelhas. Isso por que se trata de um sintoma paranoide, nos transtornos paranoicos existe um delírio de grandeza, o sujeito acredita ser possuir qualidades que o fazem ser invejados e perseguidos por outras pessoas. Essas qualidades fantasiosas, bem como desejo de trair ao companheiro (a).
Traição real e ciúme patológico
É possível que exista Síndrome de Otelo, mesmo que o parceiro (a) seja infiel, pois o que cabe para o diagnóstico é que a desconfiança seja baseada em fantasias, delírios e ideias supervalorizadas.
O parceiro infiel por vezes tenta fazer com que o traído pense que tudo o que ele observa é apenas fruto da sua imaginação, e até mesmo que seja culpa dele, desse modo vemos muitas pessoas que são levadas a crer que possuem ciúme patológico sem que isso seja verdade.
É possível que o ciúme excessivo apareça como sintoma de outras patologias tais como o T.O.C, esquizofrenia, transtornos de personalidade (Dependente, Borderline, histriônica) quando isso ocorre se descarta a hipótese de Síndrome de Otelo.
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